UX, xadrez e métricas de vaidade

Apresentação incrível do Marcelo Morais no Interaction South America 2013, lá em Recife, vídeo do Pedro Belleza.


Porque a gente só consegue fazer metáforas geniais quando entende muito do assunto e sabe explicar.

Diferenças e definições de UX, AI e IxD


User Experience Designer - O cara que pensa como o usuário pensa e sente.
Arquiteto de Informação - Amigão que cuide de como o sistema é organizado.
User Interface Designer - Cuida de como o conteúdo é organizado.
E finalmente,
Designer de Interação - cuida de como o usuário e o device agem e reagem.

(Via Interaction-Design.org)

O que se passa na cabeça dos cachorros ou o poder da interação.

(tirei daqui)
Estou lendo um livro chamado "O que se passa na cabeça dos cachorros", do Malcolm Gladwell. Eu gosto das coisas que ele escreve e sempre fico impressionada com gente que sabe contar histórias. Eles tem poder.

Enfim, tava lá, lendo meu livrinho, na boa, como sempre e tinha o capítulo das moças publicitárias americanas que deram de presente para o mundo, slogans que entraram para história, frases-vetores com poder de mudanças, tanto de mentalidades como épocas. E, claro, porque estes slogans fizeram a diferença no mundo. Daí, me encontro com a seguinte frase:

(foto que tirei do livro)

Tá ali no meio "... produtos oferecem algo que canções, poemas, movimentos políticos e ideologias radicais não oferecem, ou seja, um meio imediato de transformação". Daí fiquei o resto do dia impressionada com a força dessa frase aí. Até porque desenvolvo produtos. Fui, muito impressionada ainda, conversar sobre o assunto e quando comentei da frase ouvi o seguinte:

"Acho que não, hein. Eu ouço uma música e ela tem poder transformador sobre mim"

Então eu tive a epifania da semana: o poder transformador, seja lá do que for, do meu produto, do meu slogan, das músicas que ouço, não está neles, mas no que eles fazem comigo e no que eu faço com eles. Na interação. Quando me dei conta disso, pensei que eu ainda tenho muito que aprender pra ser uma pesquisadora legal. Não existe um lado certo. Qualquer coisa centrada em alguma coisa, vai tender a ela. E é por isso que o Design devia ser mais que "centrado em qualquer coisa". Pra não ser diminuto. Vou ali, me espantar com o que ainda tenho que observar de interação no mundo e já volto. Buenas.

Ferramentas - bacanudas - para projetos

Acho que bons projetos são muito mais que as suas ferramentas, mas não custa dar umas dicas de umas bem interessantes, que ajudam bastante na hora de se projetar. Seguem algumas que eu gosto e indico.

  • Mural.ly - Pode montar o Kanban da sua equipe, outras pessoas podem acessar, usabilidade inacreditável e super acessível.




  • Trello - outro kanban respeitável e um pouco mais conhecido. 




  • Latitude - Ferramenta de storytelling. Acho que nem preciso dizer o quão sensacional isso é! (:





  • Webflow - Para dar uma olhada como fica o seu layout responsive. 

  • Prezi - apresentações de um jeito diferente do convencional. Já é pop, mas não custa lembrar.



  • Join.me - compartilhando apresentações com seus times remotamente. Tem um trial, free, mas é pago. Anyway, pode valer a pena!


  • Balsamiq - acho o ouro das ferramentas de mock up. Vale a pena pra conhecer e tudo mais.




P.s: Eu gosto e indico porque gosto. Infelizmente, não estou ganhando nada com isso (:

Ignites e o avant gard.

Este é meu segundo vídeo favorito do Google IO. São Ignites: conversas de 5 minutos, com vinte slides que passam automaticamente depois de 15 segundos. Vários pesquisadores, tanto do Google como parceiros, contam suas iniciativas em termos de pesquisas e outras curiosidades. Deixa eu dizer que foi uma das coisas mais bacanas que eu andei vendo. Uma hora e tanto de vídeo que passam voando e te deixam com aquela síndrome do Coelho Branco: estou atrasada, muuito atrasada.

Eis o vídeo:

Tá, vou falar das que eu achei mais legais. Teve uma que assim, o inglês do cara não me ajudou e eu fiquei devendo. Mas seguem as descrições agora:

- Brady Forrest: Ele explica o conceito: 5 minutos, 20 slides, 15 segundos para cada um. Dá uma olhadinha no site deles, tem coisas bem interessantes por lá.

- Dan Shapiro: Bluetooth. De uma maneira geral, o site dele vale pela apresentação.

- Peter Olson: Marvel Entertainment. Semantics and super heroes: como montar uma boa estrutura na ficção. O infinito de possibilidades: pessoas voam, têm poderes e seus próprios sotaques. É preciso unir estrutura de dados: semânticos, tipos, esquemas, entendimentos, de comportamentos. Dados fazem parte da experiência de ler uma hq. Bibliografia é storytelling (ou o problema do Capitão América).

- Freddy Vega: Comunidade de cursos e outros eventos baseados em jeitos inovadores de ensinar e aprender. Educação on-line não é sobre tecnologia.

- Nathan Freitas: WeChat World Domination. Sobre censuras tecnológicas (como o fato da Apple ter censurado um livro tibetano pra ganhar uma concessão do governo chinês). Trabalham com a possibilidade das pessoas se conectarem. Falam sobre o crescimento de diversas plataformas dizendo que elas tem o desktop como base e eles são apenas aplicativos e compara crescimentos. como fazer as pessoas terem acesso as informações controladas sem sofrerem algum tipo de represália por isso. Dá como exemplo o yak chat, uma plataforma que ajuda a tibetanos a se comunicar sem precisar ter medo do conteúdo censurado. Eles trabalham com ícones engraçados mas que não causem problemas. Depois de tudo, ele diz que a conversa na realidade não é sobre o wechat ou sobre a china. É sobre como eu ou pessoas como eu podem fazer aplicativos melhores para todos. As pessoas podem não estar na China, mas os problemas estão em todo mundo. Por exemplo, um jornalista pode precisar se comunicar em qualquer lugar do mundo. Não se pode esperar que as redes se comportem. É preciso solução para o problema. Ele lembra que o Yak chat é um projeto open source. Por último, ele lembra que a China é uma país incrível, com uma cultura incrível e que vale a pena conhecer sem pré-julgar.

- Joice Kim - Sobre K-Pop. Começou com jovens sul-coreanos misturando música eletrônica e rap, além de coreografias que chamavam a atenção dos conservadores jovens do país. No mesmo momento, no mundo, houve um crescimento do número de boys band dando o incremento que o pop coreano precisava. Eles começaram a juntar pessoas realmente muito bonitas em escolas onde pudessem estudar música, dança e interpretação. Transformaram pessoas que falavam coreano fluente em fluentes em outras linguagens para pode espalhar para o mundo e mostrar isso no país. Os coreanos são o povo que tem o maior tempo de permanência em boa internet no mundo. Fala sobre o crescimento cultural de um país que as pessoas não tem a menor ideia do que seus representantes falam. Por causa da tecnologia, seu fanatismo por games, sua interação social e suas mulheres bonitas (joke). Eles realmente investem muito nos clipes e no que sai do país, para que mostre sua cultura e que se façam entender mesmo que a pessoa não entenda a língua. O sucesso de Gangnam style se deve principalmente ao fato deles ha muitos anos estudarem o comportamento online das pessoas. Ao entender o que as pessoas procuram, eles podem dominar o mundo.

- Panos Papadopoulos - como fazer uma startup em tempos de crise. Começa mostrando gráficos sobre a economia mundial. Mais especificamente uma Kondratiev wave (que analisa a economia em ciclos de 45 a 60 anos). Como ele é grego, ele fala de grandes coisas que aconteceram na Grécia nos últimos anos (olimpíadas, euro) mas que toda a crise vem de decisões anteriores a esta. Então, como fazer os negócios crescerem? Como criar empregos e impactar a própria comunidade? E principalmente, como rentabilizar isso? Começa com a questão do network. A questão da renda importa muito também (a questão do investimento). Crie um ecossistema onde a ideia do startup possa florescer. Pense grande, as oportunidades estão em todos os lugares. Se o teu país tá em crise, a internet te deixa ser um cidadão do mundo. Um pouco de sorte sempre ajuda.E lembrar que em chinês o caráter de crise é o mesmo de oportunidade.

- Charles Deck - abstrações que fazem tu se sentir surpreso. Stanislav Ulam - Matemático que participou do Projeto Manhatan. Também foi o matemático que formulou a Espiral de Ulam (espiral de dentro pra fora que mostra que os números primos seguem em diagonais que não alteram seus lugares) fazendo rabiscos em uma reunião entediante. Ele observou uma consistência de lugar nos rabiscos. O que é interessante nisso é que é possível construir outras formas geométricas sem que ele perca o padrão. E é possível desenhar diferentes padrões a partir de diferentes múltiplos. Ele fala sobre a importância de se abstrair para conseguir perceber padrões importantes.

- Bunnie (Singapura): O Ecossistema GongKai. Partilhando ideias ao estilo chinês. Ele começa contando que tem mania de descobrir funções diferentes para hardwares (dá o exemplo de um mouse da apple que ele transformou em capa de celular). Pensando nisso, ele desenvolveu um celular para crianças, que fosse seguro. Para que a criança possa se comunicar mas não se distraia durante uma aula ou algo importante. A partir disso ele começou a construir outros dispositivos, desta vez com uma certa limitação de dinheiro (tipo 12 dólares). Ele construiu um celular com as melhores tecnologias com o custo de 12 dólares.
O que levou ele a se perguntar: porque não existem mais startups de celulares? Porque as startups estão focadas em fazer aplicativos e gadgets. Ou melhor, existe uma dicotomia entre US (app-cessories) x China (phones).

O que não é errado, mas se analisarmos tem algo estranho. A Xiaomi (empresa que faz celular na China, fundada em 2010, hoje vale 4 bilhões). E eles ainda recebem incentivos. Ok, existem algumas coisas que são confidenciais, tem patentes pendentes, ou já registradas, o que dificulta um pouco quem quer produzir. Mas existe por aí várias possibilidades gratuitas ou mais fáceis de negociar que podem ser usadas no lugar. Na China, o acesso é aberto, mas não é realmente aberto. O que eles chamam de gongkai e fungkai. Em termos de fungkai, tem-se as plataformas mainstream, conhecidas por todas a um custo médio de 29 dólares. Já o sistema gongkai, é bem mais complexo a um custo de 12 dólares. E todas elas são feitas com licenças mais baratas ou gratuitas. Hoje um consumidor paga caro porque tem que pagar pra muita gente. Se usar dessa metodologia, é possível pagar pra menos pessoas e todo mundo ganhar com isso.

- Jaisen Mathai (Indiano) - As memórias que guardamos sao de uma maneira geral, visuais. Não se pode resolver um grande problema com o mesmo conhecimento que se tinha quando o problema foi criado. Eles desenvolveram uma plataforma que salva as fotos de todas as redes sociais do usuário. com código aberto.

E finalmente, o mais bacana de todos:

- Ramez Naam: o que o cara pesquisa? Como colocar dados diretamente dentro do seu cérebro? Saca Matrix? Neo aprendendo a dirigir helicóptero, lutar kung fu e tal? Pois é... o cara está estudando como fazer isso. E assim, não é nada impossível: aliás é possível a partir de um implante coclear.

Nenhuma ideia é ruim, nenhuma ideia é impossível, basta que se tenha amor pelo que faz. E essa gente ama mesmo o que pesquisa.

Atualização: Olhem este texto, primeira coisa que falam é do projeto do Ramez. Genial!

O fim dos limites ou Limites é pra quem não tem imaginação.

Todos os dias eu procuro ver algum vídeo do TED. acho que eles tem coisas sensacionais pra ensinar a partir das experiências e é um jeito tri bacana de aprender. Histórias interessantes sempre me deixam curiosa. E curiosidade é o alimento da aprendizagem de qualquer pessoa.

Daí nessas veio parar nas minhas mãos um TED de um designer/engenheiro chamado Jinha Lee. O que o amigo pesquisa? Limites entre entre o mundo físico e toda a informação digital que nos rodeia. Ele faz um trabalho inovador, mezzo arte mezzo enciclopédia de possibilidades. Esse trabalho tenta tornar cada dia menor espaço entre o ser (mundo) e o digital (pixels). Olhem estas imagens, em uma cronologia de como está diminuindo os espaços entre a gente - nossa interação - sistema:




Se os limites entre estes dois mundos estão cada vez menores, eles poderiam não existir. Um mundo onde não há limites para ninguém. E ahh, é pra ninguém mesmo. Os projetos que o Jinha trabalha são inclusivos (acessíveis para quem tem algum tipo de deficiência, dá uma olhada em um trabalho no site dele). Isso mesmo: acessível para qualquer um. É... tu aí com preguiça de taguear fotos... Que feio, tsc tsc.

Para demonstrar rapidamente isso, ele apresenta projetos em que está trabalhando atualmente. Como por exemplo:

- Uma caneta que penetra no espaço digital, fazendo dele uma continuação do nosso mundo, em uma analogia visível e plausível, transformando o corpo físico em pixels. Olha a imagem.



Quer ver muito melhor? Na página dele tem um vídeo ótimo com detalhes. É, basicamente, uma caneta que penetra "dentro" da tela para construir modelos tridimensionais. 

- A partir de um redesign do computador tradicional, o SpaceTop (uma interface tangível que levita), um computador que manipula objetos digitais. Eles estudam uma nova forma de interagir com a interface do sistema, quase como se fosse dentro do sistema onde se pode lidar com praticamente com os pixels com as próprias mãos. em interações totalmente viáveis no uso diário. No uso diário mesmo, com programas de uso no trabalho, em casa, na faculdade.



- Em conjunto com MIT Medialab, os cientistas criaram o "One phisical pixel". Uma esfera de metal que combina levitação magnética, mecânica comum e tecnologias acessíveis. Pode mover o objeto em qualquer lugar. pode fazer animações a partir de movimentos próprios. Não mais em metáforas digitais mas sim realmente fazendo no mundo físico. Movimentos que podem ser replicados quantas vezes se quiser.
Estudantes podem utilizar esta tecnologia para aprendizagem de um jeito muito mais interessante.
Podem praticar esportes, estudar, brincar, e muito mais.


Pra quem ficou com vontade de ver, a apresentação do TED: Jinha Lee: Reach into the computer and grab a pixel. Recomendo litros. É inglês e por enquanto não tem tradução pra português, mas o inglês dele é simples, a apresentação tem mais ou menos 5 minutos e é cheia de imagens. Dá pra entender super bem todo o conteúdo. Pra terminar, a lição da parábola do Jinha é que os limites estão acabando e hoje, o único limite é a própria imaginação (não a dele que é muito boa, btw).